segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Os milagres "messiânicos"



Cada milagre de Jesus, para além do impacto que produzia na vida da pessoa que era abençoada, e nas multidões, tem uma profundidade muito maior que só uma observação mais atenta sobre o ambiente que rodeava Jesus e a mensagem que Ele queria transmitir nos pode revelar.

Fazer milagres não era apenas uma demonstração de autoridade, mas também o resultado de uma paixão pela humanidade e o cumprimento de uma missão: Ele era o Messias, portanto tinha que cumprir todas as expectativas relacionadas com a sua pessoa.

O sinédrio, composto pelos melhores teólogos da época, tinham formulado as suas expectativas relativamente ao Messias, e relativamente aos milagres, não excluindo outros aspectos, estavam convictos não só de que o Messias faria milagres espectaculares, como únicos, no contexto no registo dos seus escritos, convicções, tradições e memórias.

E assim foi formulada a convicção de que o Messias teria que fazer os seguintes milagres raros e espectaculares: curar um leproso, expulsar um demónio de um mudo e curar um cego.

Ainda, se estes milagres ocorressem pelo ministério de qualquer profeta, haveria lugar a uma investigação para poder avaliar se o milagre preenchia os requisitos para o reconhecimento do Messias, ou não. A investigação teria duas fases:
  • Primeira fase: observação. O milagre traz movimento ou não? Nesta fase só observavam.  
  • Segunda fase: a inquirição que consistia na colocação de objecções para perceber se o autor da proeza deveria ser aceite ou não como o Messias.
I. A cura de um leproso Lc 5:12-14.

“Estando ele numa das cidades, apareceu um homem cheio de lepra que, vendo a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo. Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante desapareceu dele a lepra. Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai, disse ele, mostra-te ao sacerdote e faz a oferta pela tua purificação, conforme Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. A sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades.” Lucas 5:12-14

Nunca antes tinha acontecido! Em Levítico capítulos 13 e 14 estão instruções detalhadas a serem aplicadas numa situação destas. Se tal viesse a acontecer o milagre, atendendo à aplicação da Lei de Moisés nesta situação, fazia com que o milagre só pudesse ser atribuído ao Messias. De outra forma porque estaria uma coisa na Lei que nunca antes tinha sido necessária?

Os sacerdotes em Jerusalém, no caso de o milagre ter sido realizado pelo Messias esperado, aplicariam também os preceitos da tradição rabínica relativamente à façanha, e que seria verificar: 
  • Se o homem era realmente leproso; 
  • Se o homem fora realmente curado da lepra; 
  • E quem foi que curou o homem.
A razão pela qual Jesus pediu ao leproso para não contar a ninguém, excepto aos sacerdotes, foi precisamente para que eles tivessem a possibilidade de em primeira mão o poderem avaliar.

Mas além disso, “a sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades.” Lucas 5:15

E esta evidência incontornável, um milagre raro e uma movimentação popular, que inevitavelmente teria de provocar uma convenção rabínica em Cafarnaum, na cidade onde Jesus morava, o entreposto das trocas comerciais entre o norte e o sul, e onde também a “estação CNN, se fosse nos dias de hoje, teria colocado as suas antenas”.

Uma convenção em Cafarnaum.

“E aconteceu que, num daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galileia, e da Judéia, e de Jerusalém. E a virtude do Senhor estava com ele para curar.” Lucas 5:17

Lembro-lhe que nesta fase Jesus estava apenas sob observação. Nenhum membro do colégio estava autorizado a colocar perguntas ou fazer objecções, eles apenas observavam.

É então que Jesus faz mais um milagre e instala-se uma grande confusão:
"Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa. Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra. Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro; e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico. E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações? Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ), a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa." Marcos 2:1-11

Como não podiam interpelar Jesus, “arrazoavam”, ou seja não se podiam conter e fazia burburinho uns para os outros. (Marcos 2:6,7) – mas estavam certos numa coisa: ou Jesus era um blasfemo ou então era realmente o Messias.

As evidências eram irrefutáveis e faziam com que tivesse que haver um veredicto: o leproso fora curado e o pressuposto único da lei teve que ser aplicado pela primeira vez. Também, o paralítico andava e as multidões seguiam Jesus!

Por conseguinte: 
  • O movimento de Jesus era significativo portanto foi deliberado que Jesus passasse a ficar sujeito à segunda fase de investigação do Sinédrio: a inquirição;
  • A partir de agora um fariseu o seguiria e passariam a colocar-lhe questões e levantar objecções para encontrar algo que os fizesse concluir e afirmar se Jesus era ou não Messias.
II. A expulsão de demónios. Mateus 12:22-26

"Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via. E toda a multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demónios senão por Belzebu, príncipe dos demónios. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?” Mateus 12:22-26

Expulsar demónios não era extraordinário. A diferença estava em que este homem era possuído por demónios, cego e mudo. Logo as multidões estupefactas lhe atribuíram a característica do Messias: o filho de David. Assim, como os fariseus já podiam contestar Jesus apressaram-se a dizer: “Ele expulsa demónios por Belzebu!”

Este milagre, entretanto ocorreu na fase de inquirição de Jesus, por isso Jesus foi contestado! Jesus não tinha observado a tradição vulgar para expulsão de demónios que era: o contacto verbal com o demónio; exigir o nome do demónio e ordenar a saída do corpo. O problema é que esta casta era invulgar: a cegueira e a impossibilidade do indivíduo comunicar. Jesus simplesmente, como O Filho de Deus, O Filho de David, O Messias, expulsou o demónio sem qualquer cerimónia e pronto!

E antes que o Sinédrio pudesse reunir para avaliar e emitir um veredicto, o povo fora do seu controlo estava a começar a acreditar que Ele era o Messias. A precipitação em julgar foi de tal exagero que acusaram Jesus de expulsar demónios por um demónio e Jesus considerou tal ofensa como pecado contra o Espírito Santo.

Grave demais.

A Consequência:

“E, se eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juizes. Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demónios, logo é chegado a vós o reino de Deus. Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa. Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. Portanto vos digo: Todo pecado e blasfémia se perdoará aos homens; mas a blasfémia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro. Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado." Mat 12:27-37

Imagino que a forma clara e directa como Jesus se defendeu calou-os, e então ouve-se: “Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal.” Mateus 12:38 

Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas; pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas.” Mateus 12:39-41

“Esta geração...”. Uma geração na Bíblia é de 40 anos. 30 (mais ou menos a idade de Jesus + 40 anos = 70. Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C.

III. A cura de um cego.

No último dia da festa dos tabernáculos onde Jesus compareceu discretamente, pois já estava a ser alvo de perseguição para o prenderem, Jesus disse:

“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” João 7:37-39

Jesus já tinha sido rejeitado sob uma falsa acusação. Esta seria a última Festa dos tabernáculos em que Ele estaria presente portanto tudo o que tinha que ser dito deveria ser dito. Jesus declarou todas as evidências próprias do Messias. (Leia a passagem Bíblica de Jesus na Festa dos Tabernáculos, capítulos 8 a 10 de João)
“Eu sou a luz do mundo quem me segue não andará em trevas...”
“Antes que Abrão existisse “Eu Sou””.
“Conhecereis a liberdade e a liberdade vos libertará”

Então Jesus realiza o terceiro milagre messiânico:

"E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus. Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego, e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi, lavou-se, e voltou vendo. Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto, quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a mendigar? Uns diziam: É ele. E outros: Não é, mas se parece com ele. Ele dizia: Sou eu. Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram os olhos? Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e fiquei vendo. E perguntaram-lhe: Onde está ele? Respondeu: Não sei. Levaram aos fariseus o que fora cego. Ora, era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos." João 9:1-14

Não era vulgar nos registos dos milagres acontecidos anteriormente a cura de cegos levada a efeito por algum profeta. Este era cego de nascença. Portanto, um milagre com estas características poderia muito bem ser realizado pelo Messias, daí toda a inquirição que os versículos seguintes (capítulo 9:15-41) revelam de preocupação em tirar “tudo a limpo” relativamente ao milagre, que ainda para cúmulo ocorreu durante a Festa em que eles esperavam a revelação do Messias – a Festa dos tabernáculos – e mais ainda, por Jesus o ter mandado ao tanque de Siloé, um lugar especial do cerimonial da Festa!

(Para melhor compreensão consulte neste blog “A revelação do Messias” – ainda não disponível)

Como Jesus já tinha sido rejeitado pelo Sinédrio como o Messias, a desculpa dada ao cego e aos pais não poderia ser mais descabida: “Ele é pecador e cura no Sábado”.

Jesus responde-lhes no fim que pecadores eram eles porque não viam o que era evidente.

Conclusão

Jesus fez muitos outros milagres fantásticos. A rejeição do Messias fez com que Israel perdesse a oportunidade da sua visitação. Porém acreditamos que este mesmo Jesus que foi rejeitado, em breve se revelará e isto que escrevemos acima e muito mais, ajudará a nação de Israel, que amamos, a render-se a este Messias que já veio, o qual por sua vez os salvará quando (de novo) se encontrarem em apertos.

“Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre esta geração. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste! Eis aí abandonada vos é a vossa casa.” Mateus 23:35-38

Samuel Dias
30-04-2005
Pesquisado em www.ariel.org

Artigo idêntico: http://cristaossionistasportugueses.blogspot.pt/2016/04/o-messias-leproso.html

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