domingo, 20 de março de 2016

Paternidade de Deus



Como cristãos e filhos de Deus, é muitíssimo importante analisarmos a paternidade divina e a nossa filiação espiritual, à luz da Palavra de Deus, a fim de podermos alicerçar as nossas convicções de que Deus é o nosso Pai.
Deus é um Pai íntimo, terno, amoroso, amigo e cuidadoso, e não apenas um Deus estranho e distante; 

  • O pai biológico nem sempre, mercê de certas circunstâncias, age como um verdadeiro pai;
  • O pai biológico deixa de exercer a sua paternidade pela morte;
  • O pai biológico nem sempre está presente para nos proteger, defender, acarinhar, educar ou sustentar;


Mas o Pai celeste está sempre connosco e nos dá tudo o que necessitamos!

Deus aparece como Pai de uma grande nação, o que sublinha a sua preocupação e interesse especial por um povo a quem chama de “o meu povo”, como o veículo da sua mensagem ao mundo:

  • Deuteronómio 32:6 – “... não é Ele teu Pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?”;
  • Oséias 11:1 – “Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egipto o chamei a meu filho”
  • Salmos 68:5 – “Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo”
  • Malaquias 1:6 – “O filho honrará o pai e o servo ao seu senhor; e se eu sou Pai onde está a minha honra”.

I. Princípios da paternidade.

Fomos criados à imagem e à semelhança de Deus. Génesis 1:26 “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.” Génesis 5:1 “... No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez;”

  • Se Deus é Pai, se fomos criados à sua semelhança, então porque não tivemos bons pais?
  • Porque é que não somos bons pais?

II. A nossa condição:

Erros comuns dos pais que marcam a nossa vida.

  • Está sempre ausente, nunca dá atenção aos filhos;
  • Não se interessa pelos problemas dos filhos;
  • Inflige maus-tratos sem justificação e explicação;
  • Abusa sexualmente dos filhos;
  • Não demonstra carinho;
  • Não acompanha os filhos nas suas necessidades;
  • Não satisfaz os desejos dos filhos;
  • Não traz o sustento necessário à família;
  • Trata mal a esposa, trai-a e cria mau ambiente no lar;
  • Gasta todo o dinheiro em vícios, arruinando a segurança da família;
  • Ou acha que é o melhor Pai do mundo só porque nunca faltou com nada lá em casa.

Ao contrário, também há filhos que têm expectativas erradas acerca do que deve ser um Pai.

  • Estão sempre a exigir dinheiro para os seus gastos;
  • Nunca estão disponíveis para atender a qualquer necessidade que surja;
  • Não cumprem horários;
  • Só sujam e nunca limpam;
  • Estão sempre à espera de receber e nunca dão;
  • Não dão satisfações de por onde andam e o que fazem;
  • Tornam-se autoritários debaixo de um tecto que não pagaram para o ter.

Estas disfuncionalidades paternais trazem-nos diversos sentimentos de que precisamos de nos libertar:

  • Ódio;
  • Sentimento de culpa por algo de que não somos culpados;
  • Sentimento de rejeição;
  • Atrofiamento na tomada de decisões;
  • Autoritarismo;
  • Sentimentos de que não prestamos para nada.

III. Deus quer restaurar a nosso conceito de paternidade:

Lucas 15:11-24

"Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos. O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres. Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades. Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada. Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se."

Todos precisamos de um Pai assim:

  • Que esteja sempre à nossa espera;
  • Que assim que nos vê nos abrace;
  • Que ouça o que nós temos para dizer;
  • Que nos perdoe;
  • Que nos restaure.

O Senhor Jesus ensinou-nos que Deus é o nosso pai que nos perdoa as dívidas: Mateus 6:7-9 “... Pai-nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão-nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém!...”

1. Perdão

O povo começou a afastar-se de Deus Pai, dos princípios do Pai, das suas Leis, começando a esquecer-se de que Deus ainda quer ter uma aliança com os seus filhos numa intimidade e relação perfeita: Não basta ter por pai uma figura importante como Abraão, é preciso ter uma relação perfeita com o PAI.

Há um risco permanente de não termos uma relação familiar perfeita. – Lucas 3:8 “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.”

Quantas vezes não nos revoltámos contra Deus por ter nascido; mas uma coisa é certa: Deus mantém planos perfeitos para a nossa vida: Salmos 2:7,8 “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.”

Onde é que eu entro neste processo? Entramos naquilo que a Bíblia nos ensina:

  • Criação – Deus, o Pai, pela sua Palavra trouxe-nos à existência criando-nos à sua imagem
  • Queda – a condição humana foi desfigurada pelo pecado – perdemos a nossa filiação.
  • Redenção – O Pai enviou-nos o seu único Filho para nos reconciliar consigo mesmo.
  • Perdão – O Pai perdoa-nos porque o seu amor é incondicional
  • Restauração – Ele restitui-nos o que nos foi tirado. Agora somos amados de novo.

Todos precisamos de um Pai que nos perdoe e nos restaure. O filho pródigo é um exemplo de perdão e restauração. Lucas 15:22 “O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;”

  • Quando Deus criou o homem a primeira imagem que teve foi a de Deus Pai Criador.
  • Deus colocou o homem na terra para o amar e ser amado por ele.
  • O amor é o mais importante de tudo. Com o amor vem todas as coisas por acréscimo.

Quantos aqui não precisaram já de um pai e não o tiveram por perto?

2. Restauração.

O arrependimento e o perdão é necessário para receber as promessas de Deus.

Actos 3:19-25 “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade. Disse, na verdade, Moisés: O Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser. Acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta será exterminada do meio do povo. E todos os profetas, a começar com Samuel, assim como todos quantos depois falaram, também anunciaram estes dias. Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência, serão abençoadas todas as nações da terra.”

Jesus quer restaurar o conceito de Pai. Ele sabia que tinha de ministrar paternidade a um povo que andava distante do Pai.

A aliança que Deus fez com Israel permanece: “vós sois filhos dos profetas”; “Na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra”.

Jesus foi o próprio a afirmar que, até então, ninguém conhecia o Pai, e só seria conhecido se Ele mesmo o revelasse – Mateus 11:27-30. “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.”

  • Jesus ensinou que é preciso um Pai para nos ajudar a levar o nosso jugo.
  • Jesus quer fazer-nos regressar ao Pai. João 14:1-3 “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”
  • Jesus traz-nos a revelação de um Pai que ama de verdade.

Um Pai que nos ama de uma forma tão intensa que não nos deixa faltar nada. Oséias 11: 4 “Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer.”

João 1:12 “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creram no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”.

IV. Jefté – um exemplo da paternidade de Deus

Juízes 11:1-11

"Era, então, Jefté, o gileadita, homem valente, porém filho de uma prostituta; Gileade gerara a Jefté. Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, os quais, quando já grandes, expulsaram Jefté e lhe disseram: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho doutra mulher. Então, Jefté fugiu da presença de seus irmãos e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com ele e com ele saíam. Passado algum tempo, pelejaram os filhos de Amom contra Israel. Quando pelejavam, foram os anciãos de Gileade buscar Jefté da terra de Tobe. E disseram a Jefté: Vem e sê nosso chefe, para que combatamos contra os filhos de Amom. Porém Jefté disse aos anciãos de Gileade: Porventura, não me aborrecestes a mim e não me expulsastes da casa de meu pai? Por que, pois, vindes a mim, agora, quando estais em aperto? Responderam os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso mesmo, tornamos a ti. Vem, pois, conosco, e combate contra os filhos de Amom, e sê o nosso chefe sobre todos os moradores de Gileade. Então, Jefté perguntou aos anciãos de Gileade: Se me tornardes a levar para combater contra os filhos de Amom, e o SENHOR mos der a mim, então, eu vos serei por cabeça? Responderam os anciãos de Gileade a Jefté: O SENHOR será testemunha entre nós e nos castigará se não fizermos segundo a tua palavra. Então, Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e chefe sobre si; e Jefté proferiu todas as suas palavras perante o SENHOR, em Mispa.

1. Condição de Jefté.
  • Jefté, era um valente, um líder, um primogénito mas foi abandonado pela sua família, pelos seus irmãos:
  • Muitas pessoas fogem porque não têm ambiente, um ombro para chorar, sentem-se a mais no seu próprio espaço;
  • As histórias familiares prejudicam a nosso direito de estar na vida e limitam-nos;
  • Por causa de outros, pela ausência de uma paternidade amorosa e firme, somos deparados com uma realidade assustadora: solidão.
  • Jefté foi ferido no ponto onde ele era mais fraco: filho da prostituta.

2. O trauma de Jefté

  • Jefté teve pai, mas não o assumiu ou ficou sem ele: não sabemos ao certo.
  • Porém Deus tinha um propósito para Jefté: Fazer dele um libertador do seu povo.
  • Jefté foi abandonado pela sua família que amava: os seus irmãos.
  • Foi-se embora e chegaram-se a ele homens levianos, certamente também estes carentes de paternidade.
  • Jefté viu-se confrontado com a necessidade de “dar” sem donde poder receber.

3. A restauração de Jefté.

  • Então, quando Gileade, a cidade do seu Pai foi atacada, viu-se que aqueles que o desprezaram não tinham coragem para se defenderem.
  • Eram medrosos, não eram guerreiros e tiveram que quebrar o seu orgulho e tiveram que chamar Jefté o seu líder.

Jeremias 29:11 “Eu é que sei que planos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; planos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.”

V. Conclusão.

Por isso: Volta-te para Deus. Ele é PAI!

Deus é o nosso Pai. Este facto apresenta-nos o maior de todos os conceitos – o qual, sem dúvida, é a mais profunda demonstração de que o indivíduo regenerado não permanecerá no pecado, na mediocridade, mas antes, irá ter uma vida vitoriosa.

Nós somos de facto filhos de Deus. Gálatas 4:5, 6 – Jesus veio para “Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adopção de filhos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama, Abba Pai”; II Coríntios. 6:18 – “E eu serei para vós Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”.

Recorde que:

  • Por tudo isto, disponha-se a perdoar o seu pai biológico. A perdoar-se a si próprio. Lembre-se: Deus também o perdoa a si.
  • Disponha-se a restaurar a relação com o seu pai. Aqueles que ainda o têm.
  • Declare em voz alta o seu perdão sincero, genuíno, autêntico. Quebre nesta ora toda a maldição de ausência de paternidade na sua vida.
  • Agora, lembre-se de tudo o que o seu pai lhe fez de bem. Do amor, dos carinhos, dos mimos, do interesse e dos valores que lhe dispensou.
  • Lembre-se de tudo o que ele lhe deu e que contribuiu para a formação do seu carácter e da sua pessoa, e agradeça-lhe com vos audível, como se ele estivesse aqui presente, cara a cara.
  • Lembre-se, ainda que já tivesse perdido o seu pai terreno, você não está só, você não é mais órfão! O Pai celestial está vivo e ao seu lado todos os dias e em todas as circunstâncias da vida para a proteger e guardar.

Jeremias 29:11 “Eu é que sei que planos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; planos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.”

Samuel Dias

Sem comentários:

Enviar um comentário