sábado, 15 de abril de 2017

O altar do sacrifício


“Se me levantares um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas, pois se sobre ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-ás.” Êxodo 20:25

“Façam o Altar do Senhor, o seu Deus, com pedras brutas, e sobre ele ofereçam holocausto ao Senhor, o seu Deus.” Deuteronómio 27:6 (NVI)

1. O que é um altar?

O altar é um lugar onde o homem mais se pode aproximar de Deus. É o lugar onde o imperfeito se encontra com o perfeito, o feio com o belo, a criação com o criador, o pecador com o justo.

2. O altar é um lugar agreste.

O altar é feito de pedras brutas não trabalhadas. Porquê? Porque não nos devemos preocupar em embelezar o altar? Porque Deus não se agradaria de um monte de pedras devidamente ornamentadas?

Algumas r
espostas possíveis:

Porque se nos dedicássemos a fazer um altar bonito estaríamos a desperdiçar o nosso tempo e a retardar a nossa redenção;
Porque não há nada que possamos construir com as nossas mãos que possa agradar a Deus;
Se ao longo dos tempos os homens gastaram fortunas a embelezar templos na tentativa de agradar a Deus imaginem até onde poderia ir a imaginação humana com um altar;
O que pode agradar a Deus, no ambiente do altar, não é o monte de pedras em si mesmo, mas a tua pessoa e a tua oferta.

Aquilo que lemb
ra de imediato, tanto a Deus como ao Homem, quando vê, tanto um altar como uma cruz, é o sacrifício, e um sacrifício é sempre um momento doloroso para alguém. O sacrifício tem um custo para o ofertante, o sacrificado paga com a sua própria vida.

Como pois nos atreveríamos a embelezar um lugar onde há sofrimento e dor? A beleza é desfigurada pela dor. Para que serviria dar beleza ao um símbolo de sofrimento? Atenuaria a nossa dor?

Quando passamos por uma aflição que tipo de lugar procuramos? As luzes ou a escuridão? O barulho ou o silêncio? O recolhimento ou as multidões? O altar é o lugar que reúne todas as condições que o Homem precisa para restaurar a sua vida.

Isaías 53:2 “Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos.”

  • Se o povo se dedicasse a construir altares bonitos não faltaria aos ricos a vontade de construir as maiores grandezas e os pobres ficariam diminuídos por essa impossibilidade.
  • Se o povo perdesse tempo a fazer altares rapidamente eles se tornariam os seus ídolos e o propósito do altar passaria a ser absurdamente secundário.
3. O altar é o lugar de encontro.

Êxodo 20:26 “Também não subirás ao meu altar por degraus, para que não seja ali exposta a tua nudez.”

A lei e as suas razões estão sempre cheias de conteúdo muito ricos e alguns detalhes escapam-nos em grande parte. Porque um altar não pode ter degraus?

Podemos arriscar que, para erguer um altar nós precisamos da maior simplicidade. De pouco adianta subir um degrau que seja, ou mesmo a um monte, se o nosso coração não se apresentar humilde.

O altar, portanto, não pode ser talhado nem ter degraus.

O lugar certo para nós permanecermos é na base do altar. Precisamos de estar com os pés bem assentes na terra, reconhecendo humildemente que a única coisa que nos pode salvar é darmos toda a nossa vida a Deus, porque, quem peca… morre.

Quando estamos na base do altar estamos no lugar certo para contemplar as pedras moldadas pelo tempo e no choque de umas contra as outras. É assim que nos devemos apresentar no altar, como pedras brutas e massacradas que o tempo e os temporais provocaram nas nossas vidas.

Sabe o que é ser magoado por uma pessoa que você ama? Ser maltratado por uma pessoa a quem você deu tudo? Ser ferido pela “cria” que você alimenta, veste? Dói muito. Assim dá para imaginar como Deus se sente quando nós falhamos.

O que me ocorre dizer é que a única coisa que pode ser levantada no altar é a oferta. A oferta é “levantada” por nós, do lugar onde estamos, e colocada no altar. Se nos atrevermos a subir uma pedra apenas arriscamo-nos “a morrer”, ou seja, a “anular” a nossa oferta.

Ocorre-me também que todo o esforço que fizermos, mesmo que seja subir apenas um degrau, é inútil para alcançar a redenção.

João 12:32,33 “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer.”

4. O altar é o lugar de redenção

Êxodo 29:21 “Então tomarás do sangue que estará sobre o altar, e do óleo da unção, e os espargirás sobre Arão e sobre as suas vestes, e sobre seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; assim ele será santificado e as suas vestes, também seus filhos e as vestes de seus filhos com ele.”

Um sacrifício, uma morte é um espetáculo horrendo. Então porque Deus requeria sacrifícios ao povo? Porque deveriam morrer os inocentes animais para que Deus lhes perdoasse os pecados?

Aquilo que a religião não entende diz que é mistério. Mas quem já foi alcançado pela redenção de Cristo, não diz que é mistério, diz que é revelação.

Voltemos ao Génesis: No princípio Adão e Eva quando descobriram que estavam nus tiveram vergonha. Deus veio visitá-los como de costume e eles tinham desobedecido comendo da árvore proibida. E entristeceram a Deus. Magoaram Deus. Pecaram contra Deus. Morreram para Deus.

Mas ali mesmo, diante do reconhecimento do erro, Deus matou um cordeiro, e vertido o seu sangue, com as suas peles foi coberta a sua nudez.

Note bem: Se desde a queda de Adão, não houvesse sacrifício, nenhum de nós hoje estaria vivo. Sim, eu disse vivo, não disse (apenas) salvo.

a) Entre outros resultados o sacrifício de sangue inocente trazia ao povo uma consciência de consternação e culpa que fazia com que eles endireitassem o seu caminho de novo com Deus.
b) Se não houvesse sacrifício de sangue no altar então também não teríamos a cruz. A “cruz” é validada pela Lei, pela Profecia, pela forma como tudo apontava para um Messias que haveria de morrer pelo seu Povo para se tornar o seu Salvador e Rei Eterno!
c) “Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados”

Levítico 17:11 “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude da vida.

A única alternativa que Deus lhe dá para o resgate da sua vida é o sangue. Só o sangue de um inocente pode voltar a dar vida ao que foi condenado à morte. Substituição.

5. O altar é a última alternativa.

I Reis 1:50,51 “Adonias, porém, temeu a Salomão e, levantando-se, foi apegar-se às pontas do altar. E foi dito a Salomão: Eis que Adonias teme ao rei Salomão; pois que se apegou às pontas do altar, dizendo: Jure-me hoje o rei Salomão que não matará o seu servo à espada.”

Quantos de nós não estiveram já em desespero por causa de uma falha grave? Ou se não for uma falha, será uma situação sem saída na nossa vida.

Adonias, quis a sucessão de David à força e quando percebeu que podia perder a sua vida por causa dessa ambição, agarrou-se ao altar. Adonias sabia que a única possibilidade de alcançar misericórdia era no altar. Porém, de pois de ter sido salvo, comete asneira grave de novo e é morto sem piedade.

6. O Altar é um lugar de futuro.

I Reis 13:1-3 “Eis que, por ordem do Senhor, veio de Judá a Betel um homem de Deus; e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso. E o homem clamou contra o altar, por ordem do Senhor, dizendo: Altar, altar! assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias; e qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti. E deu naquele mesmo dia um sinal, dizendo: Este é o sinal de que o Senhor falou; Eis que o altar se fenderá, e a cinza que está sobre ele se derramará.

Quando as coisas não estão bem no nosso presente o melhor lugar para conhecer o futuro é o altar. Altar é o lugar onde Deus nos fala sobre o nosso futuro, onde ele nos orienta e onde ele nos promete a vitória. O altar é um lugar profético e de promessa. O altar aponta para a redenção que também há-de vir no futuro.

Infelizmente este profeta de Judá a seguir comete um erro e sofre as consequências.

Estes textos fazem-nos perceber que “o altar” é algo que devemos levar muito a sério. O que acontece no altar é tido por Deus em grande conta. O que Deus promete no altar, Ele cumpre; o que tu ofereces, Ele aceita!

7. O Altar é um lugar de presença de Deus.

Isaías 6:1-6 “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo. Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória. E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos! Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;”

Cada momento no altar de Deus é único. Não há dois momentos iguais.

A adoração que trouxemos ao altar no Domingo passado já foi aceite por Deus. Se hoje lhe trouxermos um “sacrifício” diferente algo novo pode acontecer.

Uzias foi um Rei de Judá poderoso que conseguiu fazer aliança com a Síria. As suas vitórias subiram-lhe ao coração e quis sacrificar no altar como se fosse um sacerdote. O orgulho foi a razão da sua queda. Ao ser repreendido pelos sacerdotes foi também atingido pelo Senhor com lepra na testa.

8. O altar é a fonte da paz para as nações.

Ezequiel 47:1-12 “Depois disso me fez voltar à entrada do templo; e eis que saíam umas águas por debaixo do limiar do templo, para o oriente; pois a frente do templo dava para o oriente; e as águas desciam pelo lado meridional do templo ao sul do altar.

Então me levou para fora pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fora até a porta exterior, pelo caminho da porta oriental; e eis que corriam umas águas pelo lado meridional.

Saindo o homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir, mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos. De novo mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos.

Ainda mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar; pois as águas tinham crescido, águas para nelas nadar, um rio pelo qual não se podia passar a vau.

E me perguntou: Viste, filho do homem? Então me levou, e me fez voltar à margem do rio. Tendo eu voltado, eis que à margem do rio havia árvores em grande número, de uma e de outra banda.

Então me disse: Estas águas saem para a região oriental e, descendo pela Arabá, entrarão no Mar Morto, e ao entrarem nas águas salgadas, estas se tornarão saudáveis.

E por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.

Os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe será, segundo a sua espécie, como o peixe do Mar Grande, em multidão excessiva.

Mas os seus charcos e os seus pântanos não sararão; serão deixados para sal.

E junto do rio, à sua margem, de uma e de outra banda, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer. Não murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário. O seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio.”

Estamos em ambiente profético. O altar é um lugar onde podemos ter a revelação de Deus, para nós e para as nações. O profeta estava à entrada do templo e em visão viu que saiam águas de debaixo do altar. De tal modo as águas eram abundantes que o caudal se tornou num rio que já não podia atravessar porque as águas eram imensas.

É uma profecia de paz para as nações. O verso 1 indica a fonte, o verso 12 indica a razão: “porque as suas águas saiem do altar”!

9. O altar é um lugar de honestidade.

Mateus 5:23-24 “Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.”

A oferta é sem dúvida importante mas mais importante é o tipo de altar sobre o qual se coloca a oferta, porque o altar inclui “o todo”. Lembre-se que há altares que pertencem a outros deuses. Dar uma oferta para ser visto, fazer para agradar, dizer algo por se ser obrigado, etc…

Mais à frente no mesmo capítulo vemos como é inútil dar o dízimo de coisas miúdas e parecer formoso à vista quando na verdade não passa de um sepulcro caiado onde por dentro está tudo podre e nada se aproveita.

10. Jesus é o último e o verdadeiro “Altar”.

Jesus foi anunciado a Zacarias por um anjo que se colocou em pé à direita do altar do incenso. Lucas 1:11

É o autor dos Hebreus quem estabelece uma relação e uma melhor compreensão de Jesus com o altar. Como sabemos, em Israel era a tribo de Levi quem oferecia no altar sacrifícios a Deus em favor do povo… Mas agora, temos um sacerdote que não é da tribo de Levi. Os levitas podiam interceder, sacrificar, mas este sacerdote pode salvar.

Hebreus 7:25-26 “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, porquanto vive sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime que os céus.” 



Jesus é o próprio ministro do Santuário: Hebreus 8:2 “ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem.”

Jesus é o maior e mais perfeito tabernáculo. Ele é o autor de tudo isto. Ele é a oferta imaculada sobre o altar em nosso favor. Ele é altar e oferta juntamente. Não precisamos mais de sacrificar no altar, podemos apresentar a nossa culpa diante dele apenas.

Hebreus 9:28 “Assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.”

Hebreus 10:16-19 “Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seu entendimento; acrescenta: E não me lembrarei mais de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado. Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus.”

Mensagem para esta Páscoa:

Abraão foi chamado por Deus a sacrificar o seu único filho num altar no monte Moriá. Deus poupou Isaque mas aceitou a fé de Abraão.

Cerca de 1.800 anos depois Deus envia o seu único filho à cruz ao monte do Gólgota para ser sacrificado como O Cordeiro de Páscoa. Deus “nem a seu próprio Filho poupou” mas através do seu sangue vertido “no altar” trouxe salvação a toda a humanidade.

Romanos 8:32 “Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as demais coisas?”

Esta Páscoa, coloca-te diante do altar, da cruz, e faz também a tua petição ou a tua oferta.

S.D.
15.04.2017

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